MARIA, discípula missionária

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte
Maria, nome de tantas mulheres. Um nome que evoca a lembrança de lutas bem batalhadas, de respostas bem dadas, de carinho generoso oferecido, de cuidado garantido, de fidelidade sem mancha, de esperança na tribulação, de perseverança no sofrimento. Um nome de muitos significados, de tantas histórias de vida e de muitos caminhos. Entre todas estas mulheres, Marias, uma foi escolhida. A escolha foi de Deus Pai, de uma filha predileta, preservada de todo pecado, imaculada, e se tornou do Filho de quem foi escolhida para ser Mãe, a Mãe de Deus, uma discípula missionária.

A grandeza e a profundidade desta realidade de ser Mãe do Filho Salvador de Deus e d’Ele se tornar discípula exemplar se revelam em dezenas e centenas de títulos, expressando sua estatura, congregando povos e tantos diferentes, de longe e de perto, e fecundando de amor o coração de todos os que crêem no seu Filho, Jesus Cristo, o irmão e Salvador de todos.
Esta Maria é das dores e das graças, de Lourdes e de Fátima, das Mercês e do Bom Sucesso, da Glória e da Saúde, da Boa Viagem e do Desterro, da Esperança e da Paz, da Piedade e da Misericórdia, de um lugar e de muitos outros, na vila, nos alagados, da Rasa, da Várzea ou em Guadalupe; Rainha e Serva, Mãe e Filha, Mestra e discípula missionária, por ser da Conceição, Aparecida, a Imaculada. Ela é, reafirma o Documento de Aparecida, a discípula perfeita do Senhor. Sua perfeição é verdade da fé, explicitada pelo Papa Pio IX, em oito de dezembro de 1854, numa Bula, ‘Ineffabilis Deus’, dizendo: “Desde o primeiro instante de sua concepção, por graça e privilégio únicos do Deus todo-poderoso, a bem-aventurada Virgem Maria foi, em consideração aos méritos de Cristo Jesus, salvador do gênero humano, preservada pura de toda mácula do pecado original”. É imaculada desde a sua concepção, sem pecado, pela força da graça que gera os amigos de Deus, purifica os pecadores e faz os santos.

A singularidade de sua vida e a especialidade da graça que o mundo não vê e domina, perdendo a oportunidade de experimentá-la, comprovam o caminho de um discipulado que faz dela “a máxima realização da existência cristã como um viver trinitário dos ‘filhos no Filho’, através de sua fé (Lc 1,45) e obediência à vontade de Deus (Lc 1,38), assim como por sua constante meditação da Palavra e das ações de Jesus (Lc 2,19.51)”. O Documento de Aparecida, magnífico dom da V Conferência Geral dos Bispos da América Latina e do Caribe, firmando o horizonte dos que crêem em Cristo, continua dizendo: “interlocutora do Pai em seu projeto de enviar o Verbo ao mundo para a salvação humana, com sua fé Maria chega a ser o primeiro membro da comunidade dos crentes em Cristo, e também se faz colaboradora no renascimento espiritual dos discípulos. Sua figura de mulher livre e forte emerge do Evangelho, conscientemente orientada para o verdadeiro seguimento de Jesus. Ela viveu completamente toda a peregrinação da fé como mãe de Cristo e depois dos discípulos, sem estar livre da incompreensão e da busca constante do projeto do Pai. Alcançou, dessa forma, o fato de estar ao pé da cruz em comunhão profunda, para entrar plenamente no mistério da Aliança”.

Maria, Mãe de Jesus, é modelo incontestável do discipulado que desafia o mundo contemporâneo para uma aprendizagem que permitirá um caminho novo para sua organização, com força de superação de lacunas terríveis e de cenários deprimentes, quando se contabilizam os diferentes ataques à vida e a perpetuidade dos cárceres, a céu aberto, impostos pela indiferença pernóstica com os mais pobres e com os indefesos. Maria é solidária, artífice da comunhão, generosa na oferta, mestra do primado da escuta da Palavra de Deus na vida do discípulo missionário. Nela a Palavra de Deus, como comprova o Magnificat que ela cantou, a Palavra de Deus se encontra de verdade em sua casa, de onde sai e entra com naturalidade. O Documento de Aparecida ainda recorda que Maria “com os olhos postos em seus filhos e filhas e em suas necessidades, como em Caná da Galiléia, ajuda a manter vivas as atitudes de atenção, de serviço, de entrega e de gratuidade que devem distinguir os discípulos de seu Filho. Indica, além do mais, qual é a pedagogia para que os pobres, em cada comunidade cristã, ‘sintam-se em casa'”.

A força de sua presença terna e amorosa atrai multidões, como nos santuários marianos. No Santuário Nacional de Aparecida, no último ano, foram cerca de oito milhões de peregrinos para escutar o convite ao chamado de Deus e reavivar o compromisso de viver promovendo e defendendo a vida. Diante do desafio de ser discípulo missionário, ela brilha como modelo fidelíssimo do seguimento de Jesus.

Publicado no Estado de Minas – 01/02/08

2 comentários em “MARIA, discípula missionária

  1. Meu nome é Gilbson, sou catolico e sou professor de Ens. Religio, trabalho com 17 turmas de 5ª a 8ª série, gostaria e saber se vcs dispoem de materias com temas transversais e religiosos e se poderiam enviar para mim, agradeceria de coração…

    Paz, saúde e felicidades a todos.

    Abraço fraternal e fiquem com Deus e N. S. da Conceição.

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  2. Olá, Meu nome é Maria, sou escoteira, católica, amo Maria, seu filho Jesus Cristo e, creio que ambos são o caminho que me levará ao Pai.

    Sou catequista no meu grupo escoteiro e,estamos preparando um Encontro de Jovens, com objetivo de aprofundar nossa Fé.
    Um dos temas propostos é sobre Maria, Discípula e Mestra.

    Gostaria saber se vocês poderiam enviar algum material
    sobre Maria, dinâmicas que me ajude a desenvolver o tema, pois, meu objetivo é levar para os nossos jovens, Maria como instrumento revelação do plano de Deus, trazendo ao mundo o próprio Deus, Maria Mãe, Mulher, Discipula, Mestra, Imaculada, Maria Hoje, como recohecer Maria Hoje etc..

    Obs:Parabéns,gostei muito da abordagem clara, simples, verdadeira e atual sobre Maria.

    Aguardo resposta.

    Maria

    A paz de Deus estaja com vocês!

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